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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://en.wikipedia.org

 

 

FRANCISCO MATOS PAOLI

 

(Lares, Puerto Rico, 1915-2000)

O poeta é uma das vozes mais belas, forte e martirizadas da luta pela liberdade da sua pátria.
"Matto disse que a poesia é a palavra levada a uma situação de impossibilidade. Boa parte de sua obra foi escrita durante a sua prisão chamada La Princesa, onde também esteve encarcerado Don Pedro Albizu Campos, o maestro. Privaram-lhe o acesso ao lápis e ao papel. Escrevia com o que encontrava, na cal da parede. É considerado como o nosso principal poeta místico, mas sem abandonar as tarefas do do reino deste mundo. Chamava Don Pedro de um Cristo puertoriqueño." Estas são palavras de uma amorosa leitora Maria de Lourdes Santiago.
Raiz y Ala (2006), antrologia em dois volumes, reúne toda a obra de Paoli publicada de 1930 a 1993. Incluindo o famoso Canto a la locura (1962). Numerosos livros permanecem inéditos.


 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

MELLO, Thiago de.  Poetas da América de canto castellano.  Seleção, tradução e notas de Thiago de Mallo.  São Paulo: Global, 2011.  495 p.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Tradução de THIAGO DE MELLO:

 

 

PORQUE SOU o poeta,

de quem a palavra burla,

preparo o céu para este mundo vão.

 

E quando chocam os seres,

que impassível evasão, que pavio de chama

enterrada,

que decisão baldia

querer que todo poema se levante do ruído
e possa representar a ideia,
o fantasma infinito dos voos,
a eucaristia que se reconhece
pela maneira de partir o pão.

 

Sei que o vizinho faz um esforço
grande

para ser homem,

sei que devo falar com harmonia,
apaziguar o leão que devora o crepúsculo.

 

De repente me enterneço,
me lanço na corrente nobre,
espanco os astros com a mão e digo:
melhor é o silêncio quando se está morto
e nem podemos melhorar o dia
comum

preso à nossa lágrima.

 

Mas tenho que lutar e lutar.

 

Lúcifer é a incomunicação,
o fácil soletrar que idiotiza,
o sedente que

por abundância de atmosfera
põe a perder o pranto,
essa tatuagem do esquecimento
que ainda fica no encarnado.

 

Quisera viver

sem ter de ser profeta,

estar aberto na água como a flor de lótus,

 

perder o rastro da noite,

não sustentar mais a pérola do abismo,

fugir para o cafezal florido

que louva em simplicidade.

 

Mas é impossível, Deus meu.

 

Se não enlouqueço agora,

0 que será do sémen da imagem?

Para que desejo o endurecido

símbolo dos grandes congelados da história?

 

Para que sou o farsante
Que se desvive na memória fugidia,
Todo rodeado de margens,
Todo povoado de insubstância,
Todo clamante no deserto.

 

(De Canto da Loucura, 1961,
selecionado por Maria de Lourdes Santiago)

 

 

 

 

HÁ UM NINHO SUTIL, há um contacto

de rosas e de estrelas:

talvez o gratuito do homem,

a aceleração frutal do mundo,

a carne rediviva

nos cruentos adeuses.

 

Sei que a palidez engana
que a brutalidade estafa:
estrela para despertar,
rosa para dormir,
estrela para cantar
arrebatado dos séculos irredentos,
rosa para cair na madura esfera,
tão abolido de caminhos.

 

E tudo se reduz

a um resplendor natural que se desgasta
se olhamos atentamente
possuídos de realidade, loucos
de cair.

 

É preciso voltar à inocência,
Despencar do nada,

Agarrar-se num fio,
Tombar nos ocasos
Os punhos acesos,
Até que a rosa seja estrela
Até que a estrela seja rosa.

 

(De Canto da Loucura, 1961)

 

 

 

PARÁBOLA

 

Fundamos uma casa
sobre uma rocha dura.
Cantos, árvores, céu,
serão sua arquitetura.

 

De crianças, com a alma
e o silêncio também.
Ergamos uma casa
que não saiba cair.

 

Que no vento se talhe
a ilha de coral.
Façamos uma casa
que dure a eternidade

 

Uma única morada
com o campo e o céu.
Uma pátria, uma pátria
e dentro dela, Deus.

 

(De Isla para los niños, 1945,
escrito em parceria com a poeta Maria Isabel Freire, sua mulher)

 

 

 

POR QUE desapareço?
Depois da sutil loucura
cresce o meu Deus nos lírios,
começo a me iluminar nas esquinas
e se paralisa o pólen dos mortos
no que de mim está selado.

 

Me chamam.

0 que fazer se os braços ocos
Ainda repetem o aroma?

 

O que fazer se a desnudez não é completa
e os narcisos voam
desde o delicioso ocaso
até a humilde aurora?

 

Não, desdobrar,
acabar,
deter,
não impulsionar o que resta de mim
na estultice do minuto único.

Sei que estou desprendido de névoa,
pronto para o silêncio terrenal,
pronto a não ter coração
com aura de beleza.

A ignição
do sonho
começa a crescer.

O limite abandona,
como a serpente,
sua pele radiosa.

       (De O Canto da Loucura)

 

 

*

 

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Página publicada em maio de 2021


 

 

 
 
 
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